Patagônia - Descrição
 
 

Texto e Fotos:
A.C.Cravo


 

       Muito já se tem escrito sobre a Patagônia e certamente não seria eu o indicado para fazer melhor que os outros, vou procurar portanto me ater ao que nos interessa, um pouco da região, do clima e dos peixes.

 
 
 

       A Patagônia é uma das regiões menos povoadas do mundo. Há locais onde a densidade demográfica é menor que um habitante por quilômetro quadrado embora sua ocupação por diferentes tribos date de mais ou menos 10.000 anos. Ela corresponde à porção do território argentino ao Sul do Rio Colorado e para melhor entendê-la podemos dividí-la em três partes, a Andina, a Atlântica e a Central.

 
Limay, poço com mais de 5 metos de profundidade  

       Neste caso por não termos maiores interesses geográficos, vou ater-me à Patagônia Andina, que engloba a região onde pescamos. Ela é atravessada pela Cordilheira dos Andes na parte Oeste da República Argentina na divisa com o Chile, uma região montanhosa onde existem 18 bacias hidrográficas e inúmeros lagos de águas cristalinas ligados por rios caudalosos e rápidos que rumam para o Oceano Atlântico.

 

       É coberta de bosques e grandes árvores onde se destacam os Álamos, ora verdejantes ora amarelo-ouro conforme a época e para onde como nós, se dirigem pescadores do mundo inteiro.

  Álamos, hora verdejantes hora dourados
 

       Clima:
 
       A principal característica do clima Patagônico geralmente muito frio é fruto de um outono, primavera e verões muito curtos e grandes invernos ocasionando grandes diferenças de temperatura, também existentes entre os dias e as noites.

 
A friagem no rio  

       Porém acredito que o que mais simboliza o clima da região é o vento originário do Oceano Pacífico e que quase sem exceção, sopra todas as tardes, dificultando os arremessos dos flaiseiros, principalmente durante as flotadas, quando além de prejudicar o movimento da linha no espaço, movimenta o barco de um lado para outro, fazendo com que nem sempre a isca caia no local esperado. Certos “azes” poderão nem concordar, mas isto é outra história.

 

       Peixes:
 
       Seu povoamento com espécies esportivas foi possibilitado depois que o americano John Titcomb, estabeleceu num arroio que desaguava no Rio Limay um centro de estudos para procriação e disseminação de Salmonídeos.
 
       Tudo pronto, as primeiras ovas foram levadas dos Estados Unidos da América por outro americano, Eugene Tulien, que numa viagem de navio trouxe 100.000 ovas de Trutas de arroio (Fontinalis) e 50.000 de Salmão de água doce.
 
     Numa escala na Europa aproveitou para levar também 50.000 ovas de Truta marrom, tudo isto nos idos de 1904. Depois disso outros peixamentos foram realizados.

 

Truta Arco Íris (Oncorhyncus mykiss)

       Se distingue das demais por apresentar nos flancos prateados uma faixa purpúrea, do opérculo até a cauda, dorso verde oliva e ventre esbranquiçado. Possui manchas negras arredondadas no dorso e nos flancos e é a mais encontrada por sua fácil capacidade de adaptação às diferentes condições ambientais, existindo até mesmo uma variação que realiza várias migrações ao mar durante a sua vida.

 

Truta Marrom (Salmo truta)

       Embora não tenha se adaptado a todos os ambientes como a arco íris, no entanto, é aquela que alcança os maiores tamanhos. Já foi capturada uma (no lago Nahuel Huapi) pesando 16,300Kg. Se caracteriza pela coloração dourada, dorso marrom e ventre amarelado. Possui pintas alaranjadas nos flancos e outras mais escuras dentro de um círculo mais claro no dorso até a linha lateral.

 

Truta de Arroio (Salvelinus fontinalis)

       É seguramente a mais bonita delas. No corpo coberto de pequenas escamas o dorso verde oliva apresenta manchas amarelo-esverdeado e seu flanco pintas vermelhas algumas vezes circundadas por um halo azulado. É a mais pequena das Trutas existentes e são freqüentemente encontradas nas saídas de águas subterrâneas, onde a alimentação é mais deficiente, prejudicando o seu crescimento. Em locais de melhor alimentação como em alguns lagos foram encontrados exemplares que superaram 4Kg de peso.

 

Truta de Lago (Salvelinus namaycush)

       Foi introduzida como todas as outras em diferentes e variados locais mas no entanto, só conseguiu desenvolvimento satisfatório nos lagos Argentino e Burmeister. É um peixe muito predador que pratica o canibalismo de maneira acentuada. A cabeça desproporcional ao corpo dá-lhe um aspecto desagradável. Pode atingir até 20Kg de peso. Quando cruzada com a Truta de arroio, dá origem a um voraz híbrido utilizado para a eliminação de espécies indesejadas.

 

Salmão Encerrado (Salmo salar sebago)

       Está restrito, acho que daí o seu nome à rede de lagos e rios do Parque Nacional Los Alerces até o Lago Cholila e O Rio Tigre. O corpo prateado e delgado apresenta cabeça desproporcionalmente pequena e dorso azulado coberto por manchas negras de formas variadas. Por sua combatividade é o preferido dos pescadores esportivos.

 

Salmão do Pacífico (Oncorhyncus spp)

       Originário do Pacífico Norte surgiu em águas patagônicas através da tentativa chilena de criá-los com técnicas comerciais. A partir dos anos 80, começaram a aparecer as espécies Chinook, Oncorhynchus tshawytscha e Coho, Oncorhynchus kisutch. Têm a característica interessante de morrerem após a procriação e uma agressividade enorme durante a procura da mesma. Sua enorme taxa de crescimento em face de sua fase de vida oceânica os fazem grandes adversários, não sendo incomuns exemplares na faixa dos 20 quilos.

 

       Todas, a exceção do Salmão do Pacífico, remanescentes das 10 espécies introduzidas no início do século passado e dentre as quais, para a alegria dos freqüentadores de Pesque Pague, constava a Carpa capim, com o intuito de eliminar a vegetação existente nos canais e lagos.
 
       Como disse, tratei aqui apenas dos peixes que nos interessam, deixando de lado as espécies nativas, até mesmo por não ter maiores pretensões com o texto e nem ser um expert no assunto.