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ALÉM DA PESCA
 


 
Texto e Fotos: Felício Saad

 

           A pesca esportiva já é por si uma atividade completa. Entretanto, a escolha por uma das suas modalidades parece ser uma tendência natural à medida que desenvolvemos sua prática. E assim temos os aficionados pelo o bait casting, spinnig cast, trolling, flyfishing, pesca oceânica, sem esquecer a nossa velha e prazerosa varinha de bambu na beira córrego, para citar algumas das modalidades.
 
           Mesmo sendo um “suspeito” arriscaria dizer que a pesca com mosca é a modalidade que mais agrega atividades paralelas: a arte de arremessar e suas diversas técnicas, a arte de atar e os milhares de flies e seus materiais, o apaixonante estudo dos habitats dos peixes que se quer pescar, o conhecimento dos equipamentos e acessórios existentes e os que a cada dia chegam ao mercado, o turismo, etc.
 
           Mas este passatempo para alguns também não para por aí. E é exatamente para mostrar o que ainda se pode agregar ao nosso esporte que vale conhecer as habilidades do nosso amigo Guido Borsarelli.

 

           Guido, 43 anos, dirige com sua família o Restaurante Stéfano em São Roque-SP. Fundado há mais de 40 anos por seus pais, originários da região de Piemonte na Itália, eles desenvolveram um incomparável cardápio de massas que consegue agradar os mais exigentes “oriundi” da região.

 

           Mas quando fecha a cozinha vai correndo para o seu outro mundo – a bagunçada, mas completa oficina.

 

           Apaixonado pelo fly, ele vale-se da sua notável habilidade manual e dos conhecimentos de mecânica, pintura, usinagem de peças, solda, marcenaria, etc, para produzir seus próprios apetrechos de pesca: varas de fly e bait, morsas para atado, porta-linhas, cavaletes para montagem de varas, pinturas personalizadas de carretilhas e varas, instrumentos diversos e tudo mais que possa surpreender seus amigos.

 

           Sem nenhum interesse comercial Guido está sempre “turbinando” uma carretilha concertando ou incrementando uma vara ou então montando uma “especial” prometida a um dos parceiros de pescaria.

 

           E desde que não tenha lá muita pressa o felizardo terá seu sonho realizado: as cores das linhas a combinar com o blank, os passadores especiais, o reel seat e o cabo de primeira, tudo na mais esmerada montagem.

 

           Lembro-me quando, há alguns anos atrás, ele se interessou em dar os primeiros passos no atado. Deixei com ele umas linhas, porta-bobina, alguns chumaços de penas, umas peças de pelos e uma morsa velha-de-guerra. Não passou um mês e ele já me surpreendia com belas moscas e um presente: um porta-linhas com ferramentas os quais uso até hoje.

 

           Recentemente ao folhear um catálogo de morsas não se conteve; reuniu uns vergalhões de bronze e inox, parafusos, chavetas, arruelas e passou duas semanas torneando, furando e fresando. Resultado: duas morsas que teve até a aprovação do “expert” Serginho Marchioni.

 

           Ao ver a criatividade e o entusiasmo do amigo Guido, posso afirmar: a pesca com fly tem um universo de atrativos que ultrapassam nossa imaginação. E ele é exemplo vivo de como nossas potencialidades podem ser desenvolvidas quando levamos a sério este nosso esporte.