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Cuidando do Rio Macaé de Cima
 


 
Texto: Paulo Cesar Domingues e Beto Saldanha
Fotos: Beto Saldanha e Kensuke Matsumoto

 

           O rio Macaé de Cima é um dos poucos rios brasileiros onde habitam trutas graças à baixa temperatura de suas águas. Introduzidas há várias décadas, elas preencheram um vazio deixado inadvertidamente pela Natureza. Apesar de ser um rio estreito é, possivelmente, o mais belo e piscoso rio de montanha de nosso País. Correndo no meio de uma floresta virgem, suas águas cristalinas e puras descem a montanha formando cachoeiras, corredeiras e piscinas naturais onde vivem trutas arco-íris que atingem até os 2 quilos de peso. Atraídos pela pesca e a beleza exuberante da região, cada vez mais mosqueiros de várias partes do país para lá se dirigem em busca daquele peixe.

 

           Devido às características do Macaé de Cima, ele não é um rio fácil de vadear e pescar, mas quem desvenda seus segredos estará capacitado a pescar em qualquer outro rio, seja com streamers, ninfas ou moscas secas.

 
 

           Infelizmente, assim como as águas piscosas atraem pescadores esportivos que lá vão em busca de estar em contato com a Natureza num ambiente ainda pouquíssimo poluído pelo Homem para praticar um esporte saudável e desafiante, onde no final de uma briga memorável sua presa é solta com cuidado para proporcionar novas emoções futuramente, muitos vão lá pescar com o intuito único de matar a maior quantidade de peixes possível, não importando o seu tamanho. Ao invés de usarem equipamento leve e moscas artificiais diminutas atadas em anzóis sem farpa para facilitarem a soltura dos peixes porventura pescados, usam ração e minhocas como isca em grandes anzóis com farpa que matarão qualquer peixe mesmo que sejam soltos. Esses maus pescadores, por ignorância, estão destruindo a passos largos a sua própria diversão e a dos outros, sem falar na economia da região que recebe esses mosqueiros em suas confortáveis pousadas estrategicamente localizadas próximas ao rio.

 

           Para fazer face a essa situação que vem se agravando dia a dia e, apesar de não resolver o problema, um pequeno grupo de mosqueiros do Rio de Janeiro e Friburgo liderados por Kensuke Matsumoto tomou a iniciativa e começou a angariar fundos entre os verdadeiros interessados em preservar aquele paraíso para adquirir alevinos de trutas em criadouros da região. Após a engorda e crescimento por alguns meses em tanques, esses peixinhos quando atingem o tamanho de 15cm de comprimento são distribuídos em vários pontos estratégicos do rio num mutirão feito pelos pescadores participantes. Assim, o grupo vem perpetuando a qualidade de pesca do rio e já o peixou com mais de 3000 trutinhas, dando uma lição de civilidade e amor pela Natureza e seu País.

 

           Foi querendo incentivar mais ainda esse grupo de pescadores que bem poderia ser chamado de “Os Defensores do Macaé de Cima”, foi que Beto Saldanha, do Rio de Janeiro e Gregório Seyoufi, de São Paulo, resolveram contribuir com prêmios a serem rifados em benefício da aquisição de mais peixes a serem soltos no rio e na melhoria de trechos do rio propiciando mais locais onde as trutas possam se esconder e procriar. Além disso, serão feitos cartazes que serão localizados naqueles pontos mais freqüentados pelos pescadores, exortando-os a zelar pelo meio ambiente e a conservar aquele patrimônio raro de nosso País.

 

 

           Para aqueles que não o conhecem, Beto Saldanha é um veterano na pesca com mosca neste País desde os anos 70 e também vem atuando nos peixamentos feitos no Macaé de Cima há vários anos. Além disso, é um hábil artesão e , possivelmente um dos únicos - o outro é o Gregório, pessoas neste País a fabricar varas de mosca sextavadas de bambu que nada ficam a dever às fabricadas pelos maiores artesãos americanos. Até o advento das varas de fibra de vidro ocorrido em 1948, as varas de bambu eram as mais utilizadas tanto pelos pescadores ingleses e americanos. Fabricadas com bambu vindo da China, elas eram feitas praticamente à mão e eram cobiçadas pelos pescadores que pagavam verdadeira fortuna por uma delas quando fossem feitas por artesãos famosos do século passado como Payne, Gillum, Young, Garrison, Leonard entre outros. As varas por eles feitas são consideradas verdadeiros Stradivarius da pesca com mosca. Hoje, se você quiser comprar uma nova terá de despender cerca de US$3,000. Uma dessas raridades não tem preço e não há um pescador de mosca que não aspire a ter uma dessas varas que dão prazer ao seu possuidor tanto por sua bela e exótica aparência como pela cor e textura natural do bambu que não pode ser comparada com uma de fibra de vidro ou grafite. Com uma ação mais lenta do que normalmente têm as varas de grafite atuais, ela exige do mosqueiro um ritmo mais lento e diferente no seu lançamento e se presta enormemente para a pesca da truta, proporcionando arremessos suaves e apresentação delicada de pequenas moscas secas. Beto Saldanha faz hoje essas varas com todos os detalhes das varas antigas. As seções de bambu se encaixam perfeitamente umas às outras, as junções de metal, os passadores e ponteira de aço, o elegante punho de cortiça portuguesa são cuidadosamente colocados na vara de bambu. Anéis de alpaca deslizando sobre um assento de jacarandá onde fica assentada a carretilha lembram o brilho de uma jóia cara de prata e não ficam nada a dever àqueles usados pelos mestres americanos.

 

 

           Pois é, o Beto está oferecendo, é isso que você leu, oferecendo uma dessas varas de bambu, de duas seções, com 7 pés de comprimento para uma linha peso 4, para ser sorteada entre aqueles que contribuirem para um novo peixamento do Rio Macaé de Cima. Já se imaginou com uma vara dessas pescando trutas que você ajudou a soltar?

 

 

           O outro que dispensa apresentação é o Gregório Seyoufi. Fabricante de grande variedade de moscas de ótima qualidade e representante de equipamento de pesca com mosca , estrangeiro de primeira linha desde 1991, Gregório está também contribuindo com 150 moscas diversas para a pesca da truta para a melhoria do Macaé de Cima.

 

 

           A esses dois beneméritos devemos nossa gratidão por seu exemplo, que esperamos tenham seguidores e que sejam copiados por aqueles que se dizem grandes pescadores, mas que na realidade são apenas matadores de peixes que não se incomodam em destruir o pouco de bom que resta em nosso País.

Paulo Cesar Domingues


 

 

           A alguns anos temos feito uma caixinha com o intuito de cuidar do nosso rio, o Macaé de Cima. O riozinho é uma jóia e merece , as fotos são de uma única pescaria feita a 15 dias atras.
 
           Essas foram as trutas maiores, mas muitas outras foram pescadas. Como podem ver o trabalho tem dado um resultado bem razoável.
 
           Este ano estamos pretendendo colocar pequenos cartazes educativos , melhorar a estrutaura física de alguns trechos do rio e claro continuar a soltar pequenas trutas.
 
           Como forma de agradecer aos que colaborarem vamos sortear uma vara de bambú e 150 moscas , oferecidas pelo Gregório.
 
           Cada R$ 25,00 de colaboração darão direito a um numero - o sorteio sera em fins de outubro, na loja King´s Pesca - a data sera anunciada e o sorteio será público. A varinha pode ser vista na loja e na reunião anual da Conflyria em 18 de Setembro.
 
           Quem quizer contribuir é só fazer o depósito em meu nome:
 
           Carlos Roberto Saldanha e Silva ( Cpf nº 185.953.597/68 )
 
           Banco Real - 356
 
           Agência 0974
 
           Conta 0000832-6
 
           E mandar um mail com nome , telefone ou mail .
 
           Antes do sorteio a lista dos que contribuirem será tornada pública e qualquer dúvida ou engano será acertado.
 
           O dinheiro será integralmente utilizado para a compra de alevinos , ração para alimentar os alevinos até atingirem tamanho adequado ( uns 10-15 cm) e tambem no pagamento de ajudantes locais que serão nossos auxiliares na soltura e melhorias no leito do rio.
 
           Contamos com sua ajuda - e principalmente com sua presença no Macaé de Cima. Qualquer dúvida estou a disposição.

Beto Saldanha