Fly em Costão - Ampliando os Limites

Texto e Fotos: 100
E-mail do autor: semarchi@sanet.com.br


       Este é mais um exemplo de que o Fly Fishing não tem limites. Realizar uma pescaria com mosca em costão, com ondas próximas dos 3 metros de altura é possível, muito embora, alguns cuidados com a segurança sejam necessários. A coisa mais importante ao chegar no costão escolhido, não é pescar, mas sim observar as ondas, para que você possa se posicionar em um lugar seguro e o mais próximo da água.

Não fique em lugares molhados para não escorregar. A utilização de calçados próprios é necessária. Jamais dê as costas para as ondas, fique sempre alerta. Evite utilizar calçados e/ou roupas que atrapalhem ou pesem muito no caso de alguma emergência na água.

 

       A pescaria deverá ser realizada paralela às ondas, e não de frente para elas, portanto, quando for escolher o lugar para pescar, procure alguma entrada ou uma das laterais do costão.
       Os arremessos devem ser feitos nos intervalos das ondas, para que dê tempo da isca afundar, portanto, a utilização de iscas com chumbo, bead head, cone head, etc, é fundamental. O trabalho deve ser o mais rápido possível e deve ser iniciado sempre antes da chegada da próxima onda, sob pena de sua linha ser jogada em cima da pedras.

 

       Por causa do peso das iscas, tenho utilizado equipamento de número 8 ou maior, dependendo do tamanho da isca utilizada. No geral, vara 8 é uma boa escolha. As linhas mais indicadas, são as intermediates e sinkings. Tal escolha, irá depender da profundidade do local, e das estruturas (pedras no fundo, mariscos, cracas...), pois se a linha afundar demais, a probabilidade de enroscar é grande.
       As iscas para esta condição, são os streamers (imitam peixinhos), uma das mais eficientes e indicadas é o woolly bugger por causa de

 

sua resistência, facilidade de atar além de ser composta por materiais baratos e fáceis de encontrar. O Clouser Minnow, "teoricamente", também funciona muito bem, mas, "praticamente" é muito pouco resistente. Sua pouca durabilidade neste tipo de pescaria deve-se ao fato de que o olho da isca é atado sobre a haste do anzol e a consequência disso, é que após poucos pinchos, o olho da isca é perdido, pois é bem comum a isca resvalar nas pedras, mariscos e cracas tanto na hora do lançamento quanto no recolhimento.


 
A Pescaria:
 

       O ponto escolhido, foi um lugar muito batido por pescadores, o costão do Morro do Maluf no Guarujá - Litoral de São Paulo, justamente para mostrar que até mesmo lá, essa pescaria pode ser muito produtiva. Este costão, divide as praias de Pitangueiras e Enseada. A entrada deve ser feita pela praia das Pitangueiras, seguindo a rua do morro até o seu final, e depois descendo as pedras  em direção   a   praia   da

Enseada. Chegando no costão, pude perceber que o tamanho das ondas era enorme, com no geral 2,5 metros e na série, chegando a uns 3 metros de altura. Coloquei meu material todo em cima da pedra, sentei, e fiquei observando o mar, para que pudesse ver qual seria o melhor e mais seguro lugar para iniciar a pescaria. É justamente nesta hora, que a gente pode contemplar a beleza da vista de um costão. Pude presenciar o belo e majestoso salto de uma arraia, que jamais havia visto.

       O lugar escolhido foi uma laje de pedra próximo a uma entrada do costão, dando uma linda vista para a praia da Enseada. Material preparado, e a ansiedade do primeiro arremesso. Assim que passou a onda, lancei minha isca; esperei o máximo possível que ela afundasse, e um pouco antes da próxima onda atingir minha linha, começei a trabalhar a isca bem rápido, quando ela já estava próxima do costão, sem qualquer ataque, arremessei novamente, fiz isso mais umas duas ou três vezes, e logo em meio ao trabalho da isca, senti a primeira pegada, era um peixe galo, com seu prateado e contornos sem igual. Retirado da água, foi fotografado e devolvido.

 
 

       A adrenalina era grande, pois jamais havia pego um galo no fly. Mesma isca e mesmo trabalho, e seguiram-se outros galos, até a entrada de um xerelete, que apesar de menor, briga muito mais.

 

       Com um clouser minnow na água, começei a trabalhar, passou a onda, e derrepente, a linha correu diferentemente das outras corridas. Era outro peixe que ainda não tinha pego no fly, um parati.

 

      Devolvido para a água, foi hora de outro arremesso, mas com tanta emoção assim, uma onda estourou antes que eu começasse o recolhimento, foi nesse instante que eu pensei.... Ai caramba.... me ferrei! Não deu outra, a linha ficou enroscada por entre as pedras, cracas e mariscos. Talvêz até fosse possível que eu tivesse desenroscado a linha, mas para isso, teria de descer até a água entre uma onda e outra. Confesso, que cheguei a ir até a água, mas voltei. Nessas horas, é melhor a gente parar e    pensar    se    o    risco    vale    a    pena,    e    com

 

certeza não vale. Comecei a puxar a linha, até que arrebentou. Com a linha intermediate arrebentada, troquei por uma carretilha com linha sinking, e voltei a utilizar a mesma técnica, só que desta vêz, prestando muito mais atenção ao timming do trabalho, e derrepente, outro galo. Nesta pescaria houve a predominância de ações de peixes galo, mas isso não é regra, pois muitos outros peixes podem aparecer, como pampos, robalos, enchovas, entre outros.