Texto e Fotos:
A.C.Cravo
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Outro dia, terminada a festa de aniversário estava pensando na vida. Nos sessenta anos bem vividos onde cinqüenta e dois deles até agora foram dedicados à pesca. Quantas não foram as ocasiões onde tive que "negociar" com Comandantes de Bateria a possibilidade de uma dispensa a ser descontada nas férias para não perder "aquela" viagem para a qual não haveria reprise. |
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Me vi menino acompanhando meu pai em suas saídas domingueiras aos Cangulos, Carapicus, Cocorocas e eventualmente às Guaiviras, que chamávamos Solteiras ou Salteiras. Com o Carlão e o Luiz "Mão de Seda", viajando e acampando por esse Brasil afora. |
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Mas muito fortemente, até mesmo por ser mais recente, lembrei-me de quando incipiente intentava minha primeira investida na técnica da pesca com fly colando ração para gatos no anzol, acompanhado pelo Jadir, fiel companheiro de inúmeras pescarias e noitadas insones quando pelo telefone íamos comentando nossas pesquisas na procura de um material que mais se assemelhasse às rações para peixes utilizadas nos pesqueiros e da alegria na descoberta da cortiça que deu origem aos Cork ball. Lembrei-me também dos cursos que fizemos juntos na Fly Fishing Adventure, com o Tati ensinando técnicas de pesca e de atado que incentivaram mais ainda nosso desejo de quase só pescar com fly e do que na ocasião (maio 97) escrevi sobre isso com o título "Da Bocaina para a UTI". |
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"Fazem 15 dias que voltamos da Serra da Bocaina, onde fomos conhecer o Projeto Aqua, considerado a maior truticultura da América o Sul.
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O Título "Da Bocaina para a UTI/UCO", não é brincadeira. Agora mesmo estou conectado a fios ligados a um aparelho controlador e entubado à duas mangueiras que me enchem de soro e remédios. Tudo começou quando fiz um exame ergométrico. Dois dias depois fazia um cateterísmo, não sem antes ter ido pescar com o Jadir no "Paculândia" e acrescentado mais alguns deles ao meu acervo. |
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O cateterísmo até o seu final nem chegou a preocupar, de tão tranqüilo. O negócio só ficou feio quando o médico disse que eu era um "cara de sorte", pois a interrupção nas veias era tão grande que há muito tempo eu já deveria estar pescando no céu. Pelo menos até que o diabo percebesse a minha morte. |
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Feita esta interrupção explicativa, sobre o porquê UTI/UCO, vamos falar da pescaria.
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Contrariando a opinião de antigo e famoso flaiseiro as moscas secas não deram bom resultado. Os melhores ataques foram às Ninfas, com as lastreadas fazendo verdadeiro sucesso. Entre as seis Trutas levadas para o jantar uma de 1,7Kg Foi o maior exemplar da tarde, onde perdi para o Jadir na quantidade e ganhei no peso. Pode parecer estranho mais a prática que ele tinha com as Tilápias ajudava muito suas ferradas no fly. No Sábado e no domingo as Montanas "arrasaram", embora as Wolly Bugger e Wolly Worm que fabricamos durante nosso curso de atado e depois em casa, também tenham pegados os seus peixes, podendo ir para o chapéu como ensinou o Tati. |
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Parodiando personagem do filme "Nada é para sempre", Deus foi muito bom para conosco pela boa pescaria que no proporcionou e particularmente comigo que pesquei vários exemplares acima de 1,5Kg, alguns acima de 2Kg, o maior com 2,7Kg (no sábado) e um com 3,1Kg( no Domingo), que foi o maior de todos. Essa proteção continuou pois eu nem poderia pensar naquela ocasião, que logo depois estaria numa UTI aguardando a colocação de quatro pontes no coração, narrando a aventura sob o olhar triste da Piedade, que fotografava e chorava enquanto me chamava de louco. Terminei o texto com um até breve, se tudo desse certo. |
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E deu! |
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Escuta vozes, chamam o teu nome e você vem ressurgindo como naquela antiga série de TV, "O túnel do tempo". No meu caso, mesmo ainda sem estar completamente desperto, veio-me à lembrança minha imagem sentado na cama da UTI, escrevendo aquela que poderia ter sido a última matéria. A ela seguiram a dos filhos, do quartel, dos saltos de pára-quedas, dos amigos e das pescarias às quais eu certamente estava de volta. |
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Hoje, passados cinco anos e inúmeras delas, ao me ver rodeado de amigos, filhos e netos, mais uma vez corroboro a opinião do Pastor: |
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