Fontoura 2004, o Paraíso existe!

Texto e Fotos:
A.C.Cravo


 
 

       Tantas coisas boas na vida, mas Infelizmente algumas delas só acontecem uma vez por ano. Aniversário, Natal, Carnaval (para os que gostam), Páscoa, Festas Juninas e até sexo como naquela piada do velhinho, que comemorava o fato todos os anos.

 
 

       Acrescento nesta lista as pescarias que faço anualmente, como as idas à Patagônia, para as Trutas, à Amazônia para os grandes Tucunarés e ao Rancho Liberdade, dos companheiros Luiz Fernando e Sebastião Zorzeto, à cata dos grandes Trairões.

 

       A História do Rancho, agora carinhosamente nominado “Do Príncipe Rabugento”, contei-a no ano passado e pode ser vista nesta mesma hora e neste mesmo canal, como em antigo seriado de TV.
 
       De novidade este ano a participação da família do Rui, e do Edu, caçula do Luiz Fernando, e que se revelou um grande companheiro de pescaria. A presença deles, particularmente o convívio com a Mariana e com o Ruizinho, em muito aumentou a minha alegria, sentia-me em casa.

 
 
 
 

A Viagem

 
 

       Passagens encomendadas, tralha pronta, desta vez reforçada com a nova vara Titan (para Fly), em três partes, da Fleming (levei uma seis e uma oito), carretilhas plus carregadas com linhas floating, intermediate e uma Teeny 200, para tentar os bichões lá no fundo, bastava contar os dias que antecediam a partida no dia 2, enquanto pensava que seriam 10 dias num verdadeiro paraíso para a pesca, lamentando apenas que na região a largura do rio não permitiria grandes casteios, não fossem os paralelos às margens.

 
  Serra da Mesa
 

       Os vôos transcorreram sem maiores problemas, disse vôos porque foram vários, consideradas as decolagens e aterrissagens. Congonhas – Brasília, pela TAM e depois pela SETE, Brasília – Minaçu, Gurupi, São Felix do Araguaia e Porto Alegre do Norte, de onde decolamos novamente, desta vez no Cesna, do Rui, que levou-nos finalmente ao Rancho.

 
  Cesna do Rui
 

O Alvo

 
  Na Linguiça
 

       Na verdade eu tinha duas grandes metas nesta viagem, os Trairões, pescados de todas e quaisquer formas, principalmente no “” bait “”, onde poderia estrear meu novo estojo com as Iscas Aicas, e flaisar o máximo possível, atividade que, no entanto e na maioria das vezes depende do bom humor do parceiro.

 
 
 

       O meu como outros tantos, algumas vezes reclamou. Fosse por eu estar pescando mais que ele, fosse por assustar-se com o ruído dos Cave’s Ratlin Minnow, que assobiavam ao passar por sua cabeça segundo ele, que na verdade e na maioria das vezes pegava os maiores e não entendia minha satisfação ao declarar que “Prefiro um de dois quilos, bem flaisado, que um de quatro quilos apanhado de surpresa quase ao lado do barco”.

 
 

A Pescaria

 

       Barco aprestado e depois de subir o rio, logo eu e o Edu estávamos descendo-o, procurando os Tucunarés e eventualmente algum Trairão desavisado. As capturas (no bait), embora de peixes pequenos iam se sucedendo enquanto ansioso olhava para as varas de fly, torcendo que logo chegassem o lago ou as “Empucas”, como lá chamam as pequenas baías formadas ao lado do rio e que me possibilitariam flaisar um pouco.

 
 
 

       Quando chegamos à ““ dos três Paus “”, tirei a barriga da miséria até que o parceiro reclamasse que com o fly, poucos Tucunarés estavam se interessando por sua.
 
       Isca de hélice, ao que contestei brincando depois de fisgar mais um, fly é f...

 
 
 

       E a história se repetia todas as manhãs e algumas vezes à tarde. Pescávamos até as 14.00, almoçávamos e lá pelas 16.00h eu arriscava uma “batidinha” nas imediações do rancho, por que afinal ninguém é de ferro e viajamos para pescar e não para ficar dormindo.

 
 
 

       E assim, íamos aqui e ali acrescentando um tucuna à coleção, algumas vezes incrementada com a entrada de um Trairão, que fazia um verdadeiro alvoroço no barco, molhando a tudo e a todos. Sem falar na possibilidade da quebra de uma vara colocada horizontalmente entre um banco e outro.

 

       Chegando às “empucas” rapidamente empunhava a Titan número 8, guarnecida com uma carretilha plus oito, da Fleming com linha Teeny 200 e um Clouser Minnow enquanto perguntava ao parceiro, não queres tomar uma cerva e descansar um pouco.
 
       O conjunto parecia um canhão, tamanha a energia gerada fazendo com que em várias ocasiões ao castear e acabando a linha aos meus pés, a carretilha tomasse verdadeiros trancos ao não permitir a saída de linha rapidamente por causa do ajuste da fricção. Fiquei maravilhado com ele e acho que para as futuras viagens vou levar também uma Teeny130, para a vara seis.

 
Pinchando   Soltando trairão
 
Bicuda   No popper
 

       Quem me conhece sabe que flaiso (será que existe este termo?) tranqüilamente tanto Lambaris quanto Tucunarés e tantas outras espécies. Sabem que se puder escolher prefiro fly, no entanto, como me disse o “”Feijão”” há uns oito anos, o fly não é solução para tudo. Muitas vezes determinadas condições impedem a sua prática e não há porque estar forçando a barra com atitudes do tipo fly ou nada. Usei bait tranqüilamente e com grande alegria fisguei bons Tucunarés e alguns enormes Trairões. Era como reencontrar uma amiga antiga e ficar feliz com isso.

 
 
 
 
 
 
 

       E assim, este misto de pescador e escriba atravessou a semana envolvido em aventuras várias que colocadas aqui acabariam entrando naquele lugar comum do “Vejam como pesco bem!”, o que seguramente não é o caso nem a minha intenção.

 
 
 

       Como tudo na vida tem início, meio e fim a pescaria chegou ao final quando a saudade da família e dos companheiros já se fazia sentir até mesmo quando um bom exemplar era pescado, o que na verdade já nem alegrava tanto, todos podiam ser considerados duplicatas ou triplicatas daqueles que já tínhamos pescado.

 
 
 

       Mesmo assim na tarde de domingo, descendo o rio, ainda voltei àqueles pontos onde havia pescado os maiores, à guisa de despedidas como disse ao ““ Tio Luiz “”. Fui sozinho com o Risolino, o Edu preferiu ficar na rede descansando.

 

       No lugar onde havia pescado o maior dos Trairões, desta vez ele não estava no local ou não quis minha isca. Peguei um menor, na faixa dos oito quilos. Depois subi casteando aqui e ali, pescando mais alguns Tucunarés de tamanhos variados enquanto memorizava os locais que certamente só veria novamente no próximo ano. Procurava guardar no coração momentos que mesmo a melhor máquina digital não conseguiria.

 
 
Aguardando o avião para volta  

       No dia seguinte, garanto que sentíamos a mesma ansiedade da ida, contando as horas e minutos que nos afastavam da família e de vocês e já no vôo pensava em como lhes contar isto tomara que tenha conseguido.

 

Equipamento Utilizado

 

Varas: Titan da Fleming, número 6 e 8, 3 seções
 
Carretilhas: Plus 6 e 8
 
Linhas: Flutuantes, intermediárias e sinking tip (Teeny 200)
 
Moscas: Cave's Rattlin Minnow (11 cm) do 100, Clouser Minnow e Popper
 
p.s.: 100, perdi ele, por favor, faz outro igual.

 
 

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