A CHAVE PARA O SUCESSO

Texto: Marco Valerio da Costa
marco67@vento.com.br
Fotos: Laércio da Costa Quatrocci
laercio@securitas.com.br


 

       É comum observarmos em pescadores que estão iniciando na modalidade de fly, o modo errado de segurar o grip. Mesmo conseguindo executar alguns arremessos e pescar, o esforço gasto através deste simples "defeito" gera um desgaste físico desnecessário e perda de energia no arremesso. Freqüentemente percebemos que a palma da mão do indivíduo apresenta um "avermelhado" no centro, ou, pior: a indicação da formação de bolhas entre os dedos e também na palma da mão.

 

       A boa "pegada" enriquece o arremesso, uma pegada errada, ou ruim pode matá-lo.
Sua explicação é simples.
A mão do pescador é o principal elo de ligação entre a captação de força que começa em seus músculos, sendo transferida e ampliada através da ação da vara que é distribuída em forma de energia para a linha de fly. Se seguro de maneira inadequada, não consigo transmitir a força para a vara e, com isso, tenho pouca energia ampliada e distribuída para a linha.

 
empunhadura errada, sem eficiência alguma
 

O resultado é um arremesso pobre, sem apresentação e pouco eficiente ou, para corrigir, sou obrigado a imprimir mais força para manter a mesma energia na linha ou tentar compensá-la.
Entendo como sendo este - a "pegada no grip" - como o primeiro conceito para um bom arremesso.
As ilustrações a seguir mostram algumas das formas de segurar o grip da vara.

 

 

POSIÇÃO 1 -

       Caracteriza-se pela posição do polegar estendido acima do grip. É a chamada "pegada da chave de fenda", pois se assemelha muito a empunhadura utilizada a esta ferramenta e, também, porque didaticamente é mais fácil de passar o conceito para o iniciante. No idioma inglês "Thumb on top". A posição do polegar, neste caso é extremamente importante, pois ele faz um contra ponto com o dedo indicador que está levemente a frente dos demais dedos, na parte inferior do grip. O polegar deve estar estendido nesta posição, porém levemente flexionado. Se o polegar

 
A empunhadura assemelha-se a pegada da chave de fenda

estiver totalmente estendido teremos menos potência no arremesso. Esta é a melhor maneira de se segurar o grip da vara de fly e a que melhor capta a força dos músculos que é transformada em energia através da ação da vara e ampliada e distribuída para a linha de fly.
 
Podemos sistematizar a forma de segurar o grip da seguinte maneira:

1) A mão posiciona-se em um ângulo de 90º com relação à vara.


 
2) A mão sofre uma pequena caída, ficando de forma diagonal com a vara.


 
3) Cobre-se o grip, de forma a senti-lo confortável na mão. O Polegar estendido, porém fica levemente flexionado.


 
A altura em que a mão se posiciona no grip (mais próximo ou mais distante da carretilha) é dada de acordo com o formato do grip, equilíbrio do conjunto e conforto. Este último item refere-se a anatomia da mão do pescador. Não há um padrão específico para isso, cada pescador deve encontrar na empunhadura, a altura mais confortável, de acordo com o equilíbrio do conjunto que ele dispõe.

 

       Com o polegar totalmente dobrado, como vemos na foto ao lado, criamos uma "válvula de escape" na empunhadura, o que acarretará um esforço maior para o pescador.

 

POSIÇÃO 2 -

       Caracteriza-se pela posição do dedo indicador estendido acima do grip. No idioma inglês denomina-se como "forefinger on top" ou "index on top". Com o dedo indicador estendido, perdemos força, mas ganhamos precisão e suavidade. Varas de ação mais lentas e mais leves permitem a utilização desta segunda maneira de segurar o grip e respondem de maneira melhor que as varas mais rápidas, que são melhores carregadas com a primeira posição apresentada.

 
Indicador estendido
 

POSIÇÃO 3 -

       Caracteriza-se por um "V" formado entre o polegar e indicador estendidos. Esta posição, na verdade é uma versão da segunda posição acima apresentada. Embora bastante confortável também gera uma perda de energia, pois é um uma "pegada" em que não conseguimos imprimir a força de maneira total para executarmos os arremessos e também não conseguimos a precisão desejada. É a forma mais corriqueira de empunhadura que observamos em pescadores que já tem algum conhecimento. É também a posição mais difícil de ser corrigida, pois como o pescador já criou o hábito de pescar com essa posição e dificilmente mudará sem treinamento e algum esforço pessoal. É importante destacar ainda que alguns arremessos mais avançados ficarão prejudicados em razão desta empunhadura.

 
Empunhadura em "V"
 

POSIÇÃO 4 -

       Caracteriza-se por um "V" formado entre o polegar e o dedo indicador, porém estes não estão estendidos. Assim como a posição 3 é bastante confortável, porém muito menos eficiente que as anteriores. Neste caso, tanto a posição do polegar como a do dedo indicador acabam por gerar dois pontos de perda de energia. Ao invés da mão estar trabalhando a favor do pescador, na verdade ela está atuando contra ele. No momento de uma fisgada, ou "strike", muito provavelmente o pescador enfrentará algum tipo de problema com esta empunhadura.

 

Normalmente utilizamos e sugerimos duas formas de segurar o grip da vara que se alteram de acordo com a situação de pesca e o equipamento utilizado.

Para equipamentos com numeração igual ou acima de uma vara nº 5, utilizo a posição 1 (apresentada anteriormente). Para equipamentos mais leves utilizo a segunda posição. Com o polegar na parte superior do grip eu consigo imprimir mais força e transmitir uma energia maior para a vara que será transferida para a linha, alcançando maiores distâncias. Para equipamentos mais leves e mais lentos recomendo a segunda empunhadura. Entretanto, ressaltamos que isto não é um padrão fixo. O pescador sem dúvida poderá utilizar a posição 1 com equipamentos leves, porém, a posição 2, com equipamentos mais pesados, ficará comprometida.

O pescador que está iniciando pode treinar estas formas de empunhadura dentro de casa utilizando a parte inferior da vara de fly com a carretilha montada. 15 a 20 minutos por dia, como sugestão, são suficientes para que nas próximas pescarias já possa sentir a diferença.

E lembre-se: a "chave para o sucesso é a pegada da chave".

 

Equipamento utilizado:

Varas Peacemaker #4, #6 e #8.
Carretilhas Plus nº 4, 6 e 8.
Linhas: WFF 4 - Rio; TT nº 6 - Royal Wullf e WFF nº 8 - Rio

Veja também na Revista Top Pesca magazine nº 7.

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